
O Centro Cultural da Justiça
Federal recebeu na tarde de domingo (06) um emocionado debate sobre
Rio cigano, de Julia Zakia. A produção,
que conta a história de Kaia e Reka, duas meninas ciganas que se separam na
infância e são criadas em mundos diferentes, foi muito elogiada pela plateia
por mergulhar no universo desse povo nômade de forma natural e longe de clichês.
Flávia Cândida, curadora do
Festival do Rio que mediou o encontro, começou mencionando outros trabalhos de
Zakia com os ciganos, como Tarabatara,
Pedra bruta e Santa Sara, e perguntou-lhe sobre as origens do interesse no
assunto. A diretora explicou que cresceu vendo-os passar por sua cidade,
Campinas, e que, quando pequena, sentia vontade de brincar com aquelas outras
crianças, que lhe pareciam livres e felizes.
Guile Martins, responsável pelo
som direto, ressaltou a convivência com os ciganos em seus acampamentos durante
o processo de realização, que transbordou para as relações pessoais de amizade
e foi imprescindível para a construção de uma narrativa completamente envolvida
na cultura em questão.

Em meio ao público havia diversos
ciganos, que com suas impressões e experiências muito contribuíram para a
animada conversa. Todos expressaram orgulho pelo fato de o filme falar de seu
povo, e destacaram a importância que a realização tem na formação de uma imagem
mais fiel à realidade dos ciganos: “Essa iniciativa quebra vários dogmas,
vários preconceitos sobre nossa cultura”, disse uma pessoa da plateia. Outra
ressaltou o fato de a obra tê-la despertado memórias antigas: “Eu fui cigana
tropeira. Eu vi minha infância ali. Andar de burro, expulsarem a gente, beber
água na poça... até isso eu já fiz, como as personagens”. Muitos apontaram a
necessidade de levar
Rio cigano para
seus acampamentos e fazê-lo circular. Zaika comentou que está no início da
busca por distribuição, mas sublinhou: “Eu quero que ele vá para os festivais,
seja distribuído, exibido, mas minha maior vontade é conseguir fazer com que
ele seja exibido no maior número de acampamentos possível”.
Texto: Juliana Shimada
Fotos: Txai Costa
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