Filme de Julia Zakia traz cultura cigana ao Cine Encontro Rio cigano, que faz parte da mostra Novos Rumos, foi debatido ontem no CCJF
Flávia Cândida, curadora do Festival do Rio que mediou o encontro, começou mencionando outros trabalhos de Zakia com os ciganos, como Tarabatara, Pedra bruta e Santa Sara, e perguntou-lhe sobre as origens do interesse no assunto. A diretora explicou que cresceu vendo-os passar por sua cidade, Campinas, e que, quando pequena, sentia vontade de brincar com aquelas outras crianças, que lhe pareciam livres e felizes.
Guile Martins, responsável pelo som direto, ressaltou a convivência com os ciganos em seus acampamentos durante o processo de realização, que transbordou para as relações pessoais de amizade e foi imprescindível para a construção de uma narrativa completamente envolvida na cultura em questão.
Em meio ao público havia diversos ciganos, que com suas impressões e experiências muito contribuíram para a animada conversa. Todos expressaram orgulho pelo fato de o filme falar de seu povo, e destacaram a importância que a realização tem na formação de uma imagem mais fiel à realidade dos ciganos: “Essa iniciativa quebra vários dogmas, vários preconceitos sobre nossa cultura”, disse uma pessoa da plateia. Outra ressaltou o fato de a obra tê-la despertado memórias antigas: “Eu fui cigana tropeira. Eu vi minha infância ali. Andar de burro, expulsarem a gente, beber água na poça... até isso eu já fiz, como as personagens”. Muitos apontaram a necessidade de levar Rio cigano para seus acampamentos e fazê-lo circular. Zaika comentou que está no início da busca por distribuição, mas sublinhou: “Eu quero que ele vá para os festivais, seja distribuído, exibido, mas minha maior vontade é conseguir fazer com que ele seja exibido no maior número de acampamentos possível”.Texto: Juliana Shimada
Fotos: Txai Costa
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