Swimming Home - Ao Redor da Piscina traz um olhar autoral sobre as pessoas e relações humanas Justin Anderson conta que decidiu adaptar a autora cult Deborah Levy ao descobrir em seu romance "uma maneira fascinante de construir uma narrativa".
Swimming Home - Ao Redor da Piscina, de Justin Anderson
Por Rodrigo Torres
A autora cult Deborah Levy chamou a atenção do mundo, em 2011, quando, em apenas 160 páginas, explorou de maneira densa e poética as complexidades emocionais e psicológicas de seus personagens. Treze anos depois, o cineasta Justin Anderson chega ao Festival do Rio 2024 com sua adaptação dessa história fascinante sobre amor, perda e desejo: Swimming Home - Ao Redor da Piscina.
“O livro olha para a distância entre as pessoas, e eu acho essa uma maneira interessante de defini-lo”, diz Anderson, ele próprio um diretor com olhar artístico refinado. “Quando fui para a faculdade de artes e aprendi a pintar, a primeira coisa que fazíamos, ao invés de olhar para os objetos, era olhar para o espaço entre eles. Quando li o livro, eu tive essa mesma sensação. Deborah olhava para o que acontecia no espaço entre as pessoas, e eu achei essa uma maneira fascinante de construir uma narrativa. Ali eu vi que aquele era o filme que eu queria fazer.”
Swimming Home - Ao Redor da Piscina, de Justin Anderson
Justin Anderson acrescenta ainda que se identifica muito com os personagens peculiares que Deborah Levy constrói: “Esse romance tem personagens que fazem coisas que eu não compreendo, e isso remete a mim mesmo. Eu costumo fazer coisas e depois pensar ‘Por quê?!’, ‘Que que eu estava fazendo?’”, diz Anderson, ele próprio um homem característico: alto, branco, de bigode grisalho e cabelos descoloridos em contraste com seus óculos de armação escura. ““Para mim, esses personagens transmitem um verdadeiro senso de realismo.”
Essa fala do diretor Justin Anderson ganha um outro contexto quando vemos Swimming Home e notamos sua abordagem diferenciada da realidade. O produtor brasileiro Marcos Tellechea observa como os elementos surrealistas do filme ajudam a ilustrar situações e sentimentos muito reais, que todos vivenciamos.
Swimming Home - Ao Redor da Piscina, de Justin Anderson
“Todos esses são elementos são usados para contar uma histórias sobre espaços: espaços de relacionamento, o espaço que você tem que ter com o seu namorado ou a sua namorada… Swimming Home é um filme de relacionamento interpessoal, e o espaço que cada um tem que ter. E aí o filme vai mais fundo, entrando em lugares mais delicados”, diz Marcos, evitando estragar a surpresa sobre o que acontece com o protagonista Joe.
“Eu adoraria que vocês viessem ver a minha visão sobre o que é realismo”, convida o diretor e roteirista Justin Anderson, lembrando que seu novo filme terá mais uma sessão hoje, às 21 horas, em Botafogo. Confira as próximas sessões de Swimming Home:
TER (08/10) 21:00 Cinesystem Praia de Botafogo 2
TER (15/10) 14:45 Estação NET Gávea 5
Marcos Tellechea e Justin Anderson — Foto: Rogerio Resende/Festival do Rio 2024
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