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Em 1938, três anos antes de Cidadão Kane, Orson Welles filmou este delicioso pastiche silencioso. Sua intenção era editar o material em três partes, que seriam projetadas antes de cada ato da montagem da peça homônima de William Gillette, que ele e seu grupo, o Mercury Theatre, estavam produzindo. A peça tocava em temas que estariam presentes na cinematografia de Welles no futuro: segredos, mentiras, falsas identidades e locações exóticas. O diretor não terminou a edição das imagens, que ficaram de fora da montagem teatral. Esquecido por uma década, o material foi tido como perdido, até uma cópia em nitrato ser encontrada em um galpão em Pordenone, Itália, em 2008. Em 2013, foi lançada essa versão restaurada, graças aos esforços da National Film Preservation Foundation, da George Eastman House, da Cineteca del Friuli e da Cinemazero.
Orson Welles
Nasceu em Kenosha, Wisconsin, EUA, em 6 de maio de 1915. Foi ator, diretor, roteirista, dramaturgo e produtor para cinema, teatro e rádio. No teatro, dirigiu montagens que marcaram época. Em seu programa de rádio, fazia versões de obras clássicas e abalou o país ao adaptar A guerra dos mundos, de H. G. Wells. Esse foi seu passaporte para Hollywood, onde estreou aos 26 anos com Cidadão Kane (1941), pelo qual ganhou o Oscar de roteiro original. Bem recebido pela crítica, o filme ganhou reconhecimento internacional por suas inovações narrativas. Daí em diante, sua relação com Hollywood e produtores foi de altos e baixos, com projetos iniciados e deixados de lado, e outros modificados por terceiros. Dirigiu 11 longas completos, incluindo clássicos como Soberba (1942), A dama de Xangai (1947), A marca da maldade (1958) e O processo (1962), além de três adaptações de Shakespeare: Macbeth (1948), Otelo (1952) e Falstaff – O toque da meia-noite (1965). Faleceu em 1985, em Los Angeles.